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sábado, 28 de maio de 2011

PLÁGIO. Uma questão moral!

Apesar de ao longo dos tempos sempre nos termos deparado com situações de plágio, hoje em dia, a Internet  é um meio facilitador desta prática.  Quando reflectimos sobre o plágio, é necessário reflectir também sobre questões morais.
Define-se Comportamento moral como: agir de acordo com as leis. É o comportamento aceite como normal para um determinado grupo.
O desenvolvimento da moralidade é necessário para a vida em grupo. A capacidade de implicação numa acção moral, tem inúmeras influências do processo de socialização. Kohlberg (1984) defende que esta capacidade depende fortemente do meio social.
Lawrence Kohlberg (1984), elaborou a teoria do desenvolvimento moral. Defendeu que a consciência moral se encontra na razão e não no sentimento. Essa teoria era constituída por seis estádios e três níveis de desenvolvimento. Estes três últimos são:
  • Nível pré-convencional - neste nível, o indivíduo raciocina em relação a si mesmo e ainda não compreendeu ou integrou totalmente as regras e expectativas sociais.
  • Nível convencional - neste nível o indivíduo considera correcto aquilo que está conforme e que respeita as regras, as expectativas e as convenções da sociedade.
  • Nível pós-convencional - Um indivíduo situado neste nível compreende e aceita as regras da sociedade na sua globalidade, mas apenas porque primeiramente aceita determinados princípios morais gerais que lhes estão subjacentes. No caso de um desses princípios entrar em conflito com as regras da sociedade, o indivíduo julgará com base nesse princípio e não na convenção social.
Cada nível de moralidade comporta dois estadios diferentes:
Estádio 1: a orientação para o castigo; Estádio 2: necessidades imediatas das duas partes; Estádio 3: uma orientação convencional para as expectativas de papel; Estádio 4: para o sistema social enquanto tal. Estádios 5 e 6: orientação pós-convencional para os princípios éticos universais, como, por exemplo, os direitos humanos. (Duque, C. 2006).
Podemos relacionar facilmente a temática do plágio com a teoria de Kohlberg. O desenvolvimento moral inicia-se aos 2/3 anos, quando as crianças começam a conhecer as regras dos jogos. Nesta fase a criança passa da anomia (ausência de regras) para a heteronomia (regras que vêm de fora). (Lima, A 2011). No estádio 1 de Kohlberg, a criança assume uma perspectiva concreta individualista, separa os seus interesses dos interesses dos outros e reage segundo a relação obediência-punição. No estádio 2, a criança reconhece que os outros também têm interesses. É importante que desde cedo, a moral seja trabalhada com as crianças. Quando isso não acontece, leva a que o indivíduo não desenvolva a capacidade de implicação numa acção moral, que pode resultar e explicar situações como o plágio. O acto de plagiar pode então estar associado a problemas no desenvolvimento moral do indivíduo.

Um estudante, seja ele do ensino básico ou superior, está num processo de desenvolvimento moral e intelectual. Com o tempo vai aprendendo os limites e as regras da comunicação escrita, e aprende que o plágio é uma infracção ética. O estudante tem que ter a habilidade para compreender que há diferentes opções para agir e que estas têm diferentes consequências para as outras pessoas envolvidas na situação.
No estádio 3 de Kohlberg, o adolescente preocupa-se com o que os outros pensam dele; os actos são pensados para agradar o outro.
Talvez seja quando atinge o estádio 4, que o indivíduo adquire a capacidade para entender melhor o que é o plágio e as razões para não o praticar. Uma indivíduo no estádio 4, assume o ponto de vista do sistema. A ponderação nos actos tem em conta a sociedade no geral. No estádio 5, os actos são pensados no bem de todos e em prol de valores máximos como a vida.
 Relativamente ao estádio 6, Kohlberg aponta que nem todos o conseguimos atingir. Neste patamar, o sujeito rege-se pelos princípios universais de justiça para os todos.
Em suma, o desenvolvimento moral é essencial para a formação global do indivíduo. O plágio é considerado anti-ético (ou mesmo imoral) em várias culturas, e é qualificado como crime de violação de direito autoral em vários países. (Duque, C. 2006).
Apesar do mérito a teoria de Kohlberg foi alvo de críticas. Em primeiro lugar a tese de doutoramento de Kohlberg baseou-se numa amostra em que os participantes eram todos do sexo masculino, não tendo em conta a especificidade do desenvolvimento moral das raparigas.  Em segundo lugar são apontadas dúvidas acerca da universalidade dos estádios. Os críticos afirmam que toda a moralidade é culturalmente relativa. Em terceiro lugar, inúmeros investigadores discordam da asserção de Kohlberg de que as crianças mais novas baseiam os seus julgamentos morais apenas em recompensa, para evitarem punição e por deferência inquestionável à autoridade. Pelo contrário, para alguns as crianças têm um entendimento moral mais profundo do que conseguem articular. (Duque, C.) Kohlberg é também acusado de elitismo.





Bibliografia consultada: Duque, C. (2006). Desenvolvimento Moral: perspectiva de Kohlberg. Acedido em 27,Maio,2011 em: http://www.slideshare.net/CDuque/desenvolvimento-moral-presentation.
Pontes, S. (2011). PLÁGIO. Uma questão de Ética.  Acedido em 27,Maio,2011 em: http://sandrapontes.com/?page_id=816.
Lima, A. (2011). Escola de Pais. Acedido a 28,Maio,2011 em: http://beta-escoladepais.blogspot.com/2011/03/quanto-falta-desenvolvimento-moral-da.html

2 comentários:

  1. Rui Ferreira (Empresário)4 de junho de 2011 às 14:31

    Gosto muito do texto e concordo com o que foi dito. De facto, o plágio é uma atitude que depende dos nossos valores morais!

    Boa sorte para o vosso futuro, continuem.

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  2. Existirá alguém a quem seja legítimo afirmar, sobre si mesmo, que atingiu um desenvolvimento moral pleno? Não me parece.

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