Segundo Kohlberg (1981), a adolescência caracteriza-se por ser um período de construção de valores sociais e de interesse por problemas éticos e ideológicos. O adolescente aspira à perfeição moral e expressa um grande altruísmo o que frequentemente origina revoltas por descobrir que a sociedade não se coaduna com os valores que defende. O facto de possuir novas capacidades cognitivas de reflexão e abstracção ir-lhe-á permitir, elaborar mentalmente hipóteses, debater ideias e confrontar opiniões, construindo uma teoria própria da realidade. O adolescente confronta os seus próprios valores com os valores do ´mundo adulto´, na tentativa de alcançar a tão desejada autonomia. Para tal ajuíza regras e convenções sociais, o que leva, por vezes, a acatá-las e, por outras, a desobedecê-las.

Juno (Ellen Page), uma adolescente de 16 anos, após ter tido relações sexuais com Bleeker (Michael Cera) engravida. Tendo em conta a sua imaturidade, Juno depara-se com situações muito difíceis de lidar. Após ter comprado 3 testes de gravidez no mesmo dia e perceber que era impossível continuar a negar a realidade, confronta-se com a ideia de realizar um aborto, por forma a solucionar o problema. No entanto, por achar que o ser que está a gerar dentro dela não tem culpa do seu ''erro'', Juno decide procurar os pais adoptivos perfeitos.
Inicialmente reage de forma típica para uma adolescente; demonstrando uma atitude de insensibilidade e desinteresse. Sente-se capaz de resolver qualquer problema e chega mesmo a mencionar: “Para mim é como se estivesse doente e isto passa”. Com o tempo passa a encarar a situação de forma diferente, superando-a da melhor maneira possível.
Inicialmente reage de forma típica para uma adolescente; demonstrando uma atitude de insensibilidade e desinteresse. Sente-se capaz de resolver qualquer problema e chega mesmo a mencionar: “Para mim é como se estivesse doente e isto passa”. Com o tempo passa a encarar a situação de forma diferente, superando-a da melhor maneira possível.
A adolescência é um período em que a experimentação se torna necessária na busca e na aquisição de uma identidade (Erikson, 1976). Esta busca de identidade é um aspecto que se visualiza na jovem. Numa conversa com o pai, Juno desabafa: “Eu não sei muito bem ainda que tipo de rapariga sou”.
De facto é complicado para alguém que se encontra à descoberta de si mesmo, numa fase conturbada e marcada pelo egocentrismo ter que assumir a responsabilidade de cuidar de outro alguém.
Segundo Deutsch (1977), o fenómeno da gravidez na adolescência é decorrente de imaturidade psíquica com certa disposição para reviver processos regressivos na adolescência e, principalmente, pela exigência do amadurecimento. A gravidez de Juno faz com que esta se redescubra e amadureça. À medida que o seu corpo se vai transformando e que vai convivendo com os futuros pais adoptivos do seu filho, a jovem vai-se transformando; descobre o verdadeiro sentido da amizade, percebendo quem verdadeiramente a apoia durante a gravidez, sem preconceitos.
No contexto familiar um aspecto importante a referir é a atitude do pai de Juno. Este aceita a gravidez, assumindo no entanto não estar preparado para encarar a situação. Com o desenrolar do tempo ele acaba por assumir o papel de figura paterna ajudando-a a lidar com os seus medos e inseguranças.
A jovem não possui um modelo de figura materna, perdeu a mãe aos 5 anos e mantem uma relação de antipatia com a madrasta.
A nível psíquico depreende-se que há um relacionamento entre o abandono materno a que foi sujeita, e o abandono do seu próprio filho. Juno procura os pais adoptivos perfeitos por forma a ter a certeza que o seu filho não viverá desamparado. Esta atitude está visivel numa das cenas do filme, em que Juno deixou um bilhete a Vanessa Loring (mãe adoptiva) dizendo: 'se tu não desistires, eu também não desisto.'
Para além de Juno, a família da adolescente também sofre uma transformação. Isto visualiza-se na relação entre a jovem e a sua madrasta. Através do envolvimento desta última nos cuidados pré-natais, começa a desenvolver-se uma relação de cumplicidade e, de inimigas, passam a companheiras. Com isto, a madrasta de Juno assumiu o papel de 'figura materna'.
O filme levanta várias questões pertinentes, não tenta seguir estereótipos e deixa que o espectador retire as suas próprias ilações. É um filme divertido, sarcástico, complexo a nível de valores onde podemos confrontar-nos com vários assuntos, tais como: a adolescência, a gravidez, o aborto, a adopção, o anseio de ser mãe, os problemas entre casais, os problemas familiares, o primeiro amor, a sexualidade, a discriminação na escola, entre outros.
No contexto familiar um aspecto importante a referir é a atitude do pai de Juno. Este aceita a gravidez, assumindo no entanto não estar preparado para encarar a situação. Com o desenrolar do tempo ele acaba por assumir o papel de figura paterna ajudando-a a lidar com os seus medos e inseguranças.
A jovem não possui um modelo de figura materna, perdeu a mãe aos 5 anos e mantem uma relação de antipatia com a madrasta.
A nível psíquico depreende-se que há um relacionamento entre o abandono materno a que foi sujeita, e o abandono do seu próprio filho. Juno procura os pais adoptivos perfeitos por forma a ter a certeza que o seu filho não viverá desamparado. Esta atitude está visivel numa das cenas do filme, em que Juno deixou um bilhete a Vanessa Loring (mãe adoptiva) dizendo: 'se tu não desistires, eu também não desisto.'
Para além de Juno, a família da adolescente também sofre uma transformação. Isto visualiza-se na relação entre a jovem e a sua madrasta. Através do envolvimento desta última nos cuidados pré-natais, começa a desenvolver-se uma relação de cumplicidade e, de inimigas, passam a companheiras. Com isto, a madrasta de Juno assumiu o papel de 'figura materna'.
O filme levanta várias questões pertinentes, não tenta seguir estereótipos e deixa que o espectador retire as suas próprias ilações. É um filme divertido, sarcástico, complexo a nível de valores onde podemos confrontar-nos com vários assuntos, tais como: a adolescência, a gravidez, o aborto, a adopção, o anseio de ser mãe, os problemas entre casais, os problemas familiares, o primeiro amor, a sexualidade, a discriminação na escola, entre outros.
Fica então aqui a nossa sugestão, é um filme que vale a pena ver!
Bibliografia consultada:
Sousa, P. (2006). Desenvolvimento Moral na adolescência. Acedido em 26,Abril,2011, em: http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0296.pdf
Pereira, L. (2008). Crítica Juno (2007). Acedido em 26, Abril, 2011 em: http://portalcinema.blogspot.com/2008/02/crtica-juno.html
Muito bom, de facto, este é um dos temas principais da adolescência e que, nos dias de hoje, cada vez mais acontece. Muito bom trabalho, continuem assim!
ResponderEliminarGostei da vossa crítica só acho que deviam também ter evidenciado a relação a Vanessa e o bebé poderão vir a ter visto que a Vanessa vai ser a mãe adoptiva. De resto está tudo muito bo, continuem!
ResponderEliminarMaria Luis
passem também no nosso: http://psiscd.tumblr.com/ obrigada!
Olá Maria, acabamos de realizar um novo post de acordo com a tua sugestão.
ResponderEliminarBeijinho.
O filme em discussão é muito rico em temáticas, foi uma óptima escolha. A vossa crítica é muito boa. Demonstra uma postura consciente e reflexiva. Continuem, beijinhos!
ResponderEliminarOLÁ, Aqui fica o meu comentário: percebo que procuraram estabelecer uma relação entre a vossa leitura do filme “Juno” e alguns autores. Contudo, essa articulação nem sempre é muito clara. Por exemplo, se citam Kohlberg a propósito do filme, parece-me que faria sentido explicar qual a relação, porquê, qual a pertinência, etc.
ResponderEliminarApesar disso, não há dúvida que procuraram ter uma abordagem teoricamente mais fundamentada e vários dos pontos-chave do filme foram considerados na vossa análise. Acho que deram um bom passo no vosso blog.
Até à próxima,
GP